- A Europa antes dos Descobrimentos marítimos dos séculos XV e XVI.

28-02-2012 19:04

 

CRISES E REVOLUÇÃO NO SÉCULO XIV

 

 - Um Século de Calamidades:

Século XIV – um século de Crise: económica, social e política.

Factores:

Ö  Fome – maus anos agrícolas devido a alterações climáticas (frio + humidade)

Ö  Peste – Peste Negra

Ö  Guerras – Guerra dos 100 anos entre a Inglaterra e a França (de 1337 a 1453)

Em Portugal: Guerras Fernandinas (1369-1382)

Crise:

 

¾        Quebra demográfica – cerca de 1/3 da população europeia terá morrido em consequência da Peste Negra, provocando uma acentuada diminuição da população.

 

Crise económica – diminuição acentuada da produção agrícola em consequência dos maus anos agrícolas, da falta de mão-de-obra para trabalhar e da desvalorização da moeda.

 Crise política – descontentamento da população dos reinos envolvidos nas guerras. Em Portugal foi mesmo uma crise de sucessão.

  Crise social revoltas rurais, resultantes do tabelamento dos salários exigido pelos senhores, grandes proprietários de terras.

 A fuga dos camponeses para as cidades à procura de melhores condições de vida provocou um abandono dos campos e, como consequência, a falta de mão-de-obra.

 Os que ficaram exigiam um aumento de salários.

 Os senhores para não diminuírem os seus rendimentos exigiam dos reis o tabelamento de salários.

 Em Portugal foram publicadas as Leis do Trabalho, no reinado de D. Afonso IV e a Lei das Sesmarias no reinado de D. Fernando. 

 Devido ao descontentamento iniciaram-se Revoltas. As mais conhecidas são as Jacqueries em França.

 

3.3  – A Revolução de 1383/85 e a afirmação da identidade nacional:

Portugal:

 Sofreu os efeitos da crise do séc. XIV

 Sociais: protegeu os nobres e sobrecarregou os trabalhadores com impostos e obrigações e tentou evitar a mendicidade.

Guerras fernandinas: entre Portugal e Castela que terminaram com a derrota de Portugal

 Económicas: desvalorização da moeda e empobrecimento dos cofres régios.

 

Crise dinástica:

 

 D. Fernando casou com D. Leonor Teles, um membro da alta nobreza e tiveram apenas uma filha – D. Beatriz.

 Depois da derrota das guerras fernandinas D. Fernando foi obrigado celebrar um acordo para casar a sua filha com o rei de Castela e a assinar o Tratado de Salvaterra de Magos onde ficava estabelecida a sucessão do trono:

⇒ Caso o rei morresse sem filho varão, seria um filho de D. Beatriz o herdeiro do trono.

⇒ Até essa criança ser maior seria D. Leonor Teles a regente.

                          


 D. Fernando morreu em 1383, ainda nesse ano e Leonor Teles como regente manda aclamar D. Beatriz rainha de Portugal.

  Muitos elementos do povo e da nobreza não gostavam da regência de Leonor Teles nem da influência do Conde de Andeiro e planearam matá-lo

  D. Leonor Teles fugiu para Castela a pedir auxílio e o Mestre de Avis, filho ilegítimo de D. Pedro, meio-irmão de D. Fernando é aclamado «Regedor e Defensor do Reino»

O rei de Castela cercou Lisboa, mas teve de levantar o cerco.

 D. Nuno Álvares Pereira à frente do exército português venceu a batalha de Atoleiros em 1384, contra os castelhanos.

  Em Março de 1385 reúnem-se as cortes de Coimbra para escolher o herdeiro do trono

 Havia vários candidatos (ver esquema da pág. 60)

O Mestre de Avis, D. João é defendido juridicamente por D. João das Regras e fica considerado como o verdadeiro herdeiro do trono, dando assim origem à dinastia de Avis.

 O rei castelhano lança novo ataque a Portugal com um grande exército mas a vitória foi portuguesa graças à táctica do quadrado introduzida por D. Nuno Álvares Pereira e à ajuda dos ingleses, na Batalha de Aljubarrota (14 de Agosto de 1385). 

 

 

O Séc XIV em Portugal 


1315/19 - Fome (devido à destruição de sementeiras por chuvas abundantes)

1333 - Fome (seca)

1348 - Peste Negra

1355/56 - Crise de cereais (seca)

1361 - Epidemias

1364/66 - Peste e crise de cereais (falta de mão-de-obra)

1371/72 - Crise de cereais (guerra e inundações)

1384 - Surto de peste (um dos maiores de sempre no país)

1384/87 - Crise de cereais (guerra com Castela)

1391/92 - Crise de cereais (falta de mão-de-obra)

1394 - Fome (falta de mão-de-obra)
 

 


A Peste Negra foi uma epidemia que atingiu a Europa, a China, o Médio Oriente e outras regiões do Mundo durante o século XIV (1347-1350), matando um terço da população da Europa e proporções provavelmente semelhantes nas outras regiões. A peste não só dizimou a população como largamente veio agravar as condições de vida de uma Europa já muito fustigada por fomes e guerras.
Durante o período de revolução e de catástrofe que causou, instituições milenares como a Igreja Católica foram questionadas, novas formas de religião místicas e de pensar prosperaram e minorias inocentes como os leprosos e os Judeus foram perseguidas e acusadas de serem a causa da peste.

A Peste Negra em Portugal

Em nome de Deus Amén.
Porque em o ano da era de 1386 (1348) anos veio a pestilência, a mortandade por todo o mundo foi tão grande que não ficou viva a dízima dos homens que então aí havia, e em todo o dito ano morreram o prior e o chantre (o mestre do coro) e todos os raçoeiros (os que recebiam parte da renda dos mosteiros) da igreja de S. Pedro de Almedina de Coimbra uns depois dos outros todos em um mês.
Virgínia Rau, Un document portugais sur Ia peste noire de 1348, Separata de Annales du Midi, 1966
 
Lei das Sesmarias 


 
A Lei das Sesmarias foi promulgada em Santarém a 28 de Maio de 1375, durante o reinado de D. Fernando I. Insere-se num contexto de crise económica que se manifestava há já algumas décadas por toda a Europa e que a peste negra veio agravar. Toda a segunda metade do séc. XIV e quase todo o séc. XV foram período de depressão. A peste negra levou a uma falta inicial de mão-de-obra nos centros urbanos (locais onde a mortandade foi ainda mais intensa) que, por sua vez, desencadeou o aumento dos salários das actividades artesanais; estes factos desencadearam a fuga dos campos para as cidades. Após estas consequências iniciais verificou-se, e tornou-se característica deste período, a falta de mão-de-obra rural que levou à diminuição da produção agrícola e ao despovoamento de todo o País. A lei das Sesmarias e outras disposições locais anteriores pretendiam fixar os trabalhadores rurais às terras e diminuir o despovoamento. Segundo Virginia Rau as causas que levaram à promulgação desta lei foram: a escassez de cereais, a carência de mão-de-obra, o aumento dos preços e dos salários agrícolas, a falta de gado para a lavoura, a diferença entre as rendas pedidas pelos donos da terra e os valores oferecidos pelos rendeiros e o aumento dos ociosos e vadios. A lei pretendia: obrigar os proprietários a cultivar as terras mediante pena de expropriação, obrigar ao trabalho na agricultura a todos os que fossem filhos ou netos de lavradores e a todos os que não possuíssem bens avaliados até quinhentas libras, evitar o encarecimento geral fixando os salários rurais, obrigar os lavradores a terem o gado necessário para a lavoura e fixando o preço do mesmo gado, proibir a criação de gado que não fosse para trabalhos de lavoura, fixar preços de rendas, aumentar o número de trabalhadores rurais pela compulsão de mendigos, ociosos e vadios que pudessem fazer uso do seu corpo. A grande novidade desta lei é a instituição do princípio de expropriação da propriedade caso a terra não fosse aproveitada. Procurava-se repor em cultivo terras que já o haviam tido e que os factos já mencionados tinham transformado em baldios. A lei das Sesmarias foi como que uma reforma agrária. No entanto, não se sabe com clareza até que ponto foi cumprida e em que medida contribuiu para uma restruturação da propriedade e para a resolução da crise.

 

docs  do Professor Alcino Raposo

Portugal no século XIV_crise de sucessao

CriseSeculo14

 

  • No século XV, a crise do século anterior começou, aos poucos, a ser superada. Apesar disso continuava a haver falta de metais preciosos para a cunhagem de moeda, o que prejudicava o comércio. Por isso, alguns reinos europeus desejavam aceder ao ouro existente em África.

 

  • O comércio entre a Europa e o Oriente, era feito a partir de um grande número de intermediários, o que encarecia o preço dos produtos.

 

  • Os Europeus consideravam-se o centro do mundo, sendo o conhecimento dos continentes asiático e africano limitado à África do Norte e Ásia Menor. Existia algumas informações sobre o resto dos continentes e a Oceânia e a América eram desconhecidas.

 

 

 Mundo antes das Descobertas

 

No início do século XV, os Europeus tinham um conhecimento muito reduzido sobre o mundo, centrando a sua visão à volta do Mediterrâneo. Ignorando o continente americano, tinham dos restantes uma visão deficiente. Os mapas da época mostravam que o espaço geográfico conhecido se limitava à Europa, ao Norte de África e a uma Ásia de dimensões e contornos imprecisos; o índico era representado como um grande mar fechado e o Atlântico como um mar de trevas povoado de monstros. Estas e outras lendas continuavam , desde há muitos séculos a ser tidas como certas.

Após a crise do século XIV, a Europa tinha necessidade de encontrar novas áreas comerciais, aprofundando os contactos anteriormente estabelecidos entre mercadores italianos e muçulmanos através da rota do Levante, pela qual chegavam à Europa as especiairias, as sedas e as porcelanas do Oriente.